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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Superintendente do IPHAN, fala sobre a reforma do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Superintendente IPHAN, Carlos Fernando de Andrade
O superintendente do (IPHAN) Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do Rio de Janeiro, Carlos Fernando de Andrade falou sobre o processo de reforma do Theatro Municipal.


Qual é o papel do IPHAN junto à reforma do Theatro Municipal?O Theatro Municipal é um bem nacional tombado e qualquer coisa que seja debutado nele, ou qualquer outro bem tombado, o IPHAN tem que ser consultado. Como órgão técnico do Ministério da Cultura, examinamos todos os orçamentos da obra. Autorizamos ou não, uma série de despesas e por fim, aprovamos o uso destas verbas para as obras. O Municipal é autorizado a buscar recursos de capitação e no caso, eles conseguiram um bom volume de verbas da Petrobras, Eletrobrás e BNDES, a Rede Globo entrou com anúncio, que por sinal, ficou muito bonito! Aí a gente passa a não só fiscalizar a execução tecnicamente da obra, mas também orçamentaria, porque no final disso tudo a gente precisa aprovar as contas.

Que execução técnica seria essa?
É a execução do projeto em si, onde o IPHAN verifica se o restauro e a metodolgia usadas estão sendo corretas. A obra do teatro é gigantesca, temos pelo menos uns quatro consultores temáticos que cuidam de iluminação, estrutura, revestimento e restauração artística. O IPHAN dá as orientações, e há também uma reunião semanal, onde todos se reúnem e examinam os projetos que serão executados. Temos uma pessoa lá, permanentemente, e os consultores é que vão olhar mais detalhadamente. Mas, a obra em si tem um gerenciamento próprio que é contratado pelo Theatro Municipal.

O senhor disse que o teatro é responsável pela captação de recursos. O IPHAN, até então, não tem nada haver com isso?Autorizo o projeto, é o valor que poderá ser capitado. Foram aprovados R$ 50 milhões. Agora aprovado mesmo não chegou a isso tudo não, porque estamos fazendo aprovações parciais, na medida em que os projetos executivos estão sendo detalhados.

O dinheiro dos patrocinadores vem para o IPHAN?Não. Existe uma figura na Lei Rouanet que se chama proponente, então neste no caso desta obra o proponente é a Associação de Amigos do Theatro Municipal, normalmente é uma organização sem fins lucrativos, com destinação cultural, então o dinheiro é depositado numa conta especifica aberta exclusivamente para este fim pelo proponente. O que a gente faz é examinar as contas do o que a gente aprovou e o que está sendo feito.

O Theatro Municipal é tombado, isso impede que mudanças sejam feitas na sua estrutura. Teve alguma alteração autorizada pelo IPHAN nesta reforma?
Sim, o elevador foi colocado, vai ter que ser aberta uma passagem que permita o acesso de cadeirantes, pela lateral, foi criado um banheiro novo para senhoras, onde tinha uma bomboniere. Tem uma série de alterações, nada que comprometa a o edifício em sua originalidade, mas houve alterações sim.

Fiquei sabendo em uma entrevista, que o senhor odeia pombos? Qual o motivo? Foi tomado algum cuidado para que as fezes de pombos não prejudiquem a reforma?
Pombo é um problema no mundo inteiro. Agora, estão desenvolvendo uma espécie de pombal, onde você elimina os ovos. Espera-se que no prazo de algumas gerações de pombos haja uma estabilização. Este projeto será feito no Rio de Janeiro, um dia. No Theatro não foi usado nada, mas uma coisa que foi feita já algum tempo pela Prefeitura. Que foi retirar o pessoal que distribuía milho para os pombos na Cinelândia, e isso já fez diminuir muito a ave, porque o pombo vai aonde tem alimento.

A obra de construção do teatro demorou quatro anos e meio para ficar pronta. Um tempo recorde para a época. O senhor acredita que esta rapidez possa ter atrapalhado na conservação dele?
O Theatro passou por várias modificações durante esse tempo, para um prédio de 100 anos, acho que ele está segurando muito bem. O Edifício do IPHAN, também tem 100 anos. E também é tombado, mas não por ser IPHAN, mas por ser originário da primeira fase da Avenida Rio Brando.

Como funciona o processo de tombamento?
Qualquer cidadão brasileiro pode pedir o tombamento, ou o próprio IPHAN. Na portaria do prédio diz direitinho o que precisa ser apresentado para a realização do tombamento. Depois fazemos um estudo criterioso, que é demorado. O processo é mais ou menos assim, a proposta sai da superintendência regional, vai para a presidência do IPHAN, tem uma série de instâncias técnicas pra isso também, e havendo concordância é encaminhado para votação do conselho. Que é formado por pessoas do governo e da sociedade civil (grandes nomes da sociedade), depois da votação é tombado.

Qual é a previsão para a conclusão da obra do Theatro Municipal?
Existe duas fases de conclusão. Uma é esta que a gente já tem dinheiro praticante pronto, eu acho que vai até novembro e com isso o teatro já poderá ser usado. A última fase de restauração serão as fachadas. É ao contrário de tudo que se faz, mas temos uma metodologia de trabalho, onde visamos a eliminação de riscos no bem tombado.

O que é o risco?

Pode ser estrutural, telhado, cupim, incêndio, rede elétrica, enfim saber qual é a situação de risco para o bem tombado. Resolvido isto, entramos com as condições de habitabilidade. Isto é, saber se tem vazamento, infiltração, mofo, etc. E por fim fazer a parte do embelezamento do lugar. Normalmente é na terceira etapa de uma obra que se bota os andaimes para fazer a fachada.

Como foi constatado que o teatro precisava da reforma?
Eu entrei no Municipal a chamado da diretoria do teatro. Onde percebi que havia um pedaço do teto caído. Ele caiu em função de haver vazamentos no prédio inteiro. Pingava no palco.

O que o senhor pode perceber de mais moderno no Theatro Municipal?
De moderno não tem grandes coisas, até porque um prédio de 100 anos para ficar moderno seria complicado. O que modernizou foi a parte do ar condicionado que não tinha e que está sendo refeito com um sistema, computadorizado. A parte de movimento de cenários, a qual continua em parte manual e outra parte está sendo computadorizada. A cabine de som vai mudar de lugar, porque os aparelhos de som cresceram muito e a construção de um elevador. O estofados, que no início eram de veludo e depois mudaram para couro, vão voltar a ser de veludo. Vamos retirar os tapetes e colocar piso em taco.

O IPHAN não aprovou alguma mudança na reforma do teatro?Ostensivamente não, mas nas reuniões a gente tem sempre optado por A ou B, faz ou não faz. A decisão final é conjunta entre o IPHAN e o INEPAC (Órgão Estadual de Tombamento).

O dinheiro dos patrocinadores vem para o IPHAN?Não. Existe uma figura na Lei Rouanet que se chama proponente, no caso desta obra o proponente é a Associação de Amigos do Theatro Municipal. Normalmente é uma organização sem fins lucrativos, com destinação cultural, onde o dinheiro é depositado numa conta especifica aberta exclusivamente para este fim pelo proponente. O que a gente faz é examinar as contas do o que a gente aprovou e o que está sendo feito.

Os vitrais do teatro também foram restaurados?
Sim. Eles foram todos retirados e desmontados e todas as suas ligações do chumbo foram refeitas.

Considerações finais de Carlos Fernando de Andrade.
Posso dizer que esta, seja no momento, a maior obra de restauração do país em termos de valor financeiro e que está sendo muito bem conduzida pelo pessoal de Theatro Municipal e por todas as assessorias. Só tenho elogios quanto a isto.